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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Entrevista: Ricardo Toscani


Eis um exemplo de raparigo multiuso: designer, fotógrafo, marido da Lucia, ilustrador, cozinheiro autodidata, integrante de banda, pai da Alice, blogueiro do Culinária Tosca. Não necessariamente nesta ordem. Mas buenas, como são muitos predicados vamos concentrar num: cozinheiro autodidata. Com vocês, entrevista exclusiva com o cozinheiro Tosco: Ricardo Toscani


Mdta: De onde e desde quando vem o interesse pela cozinha caseira/sem frescura?
Toscani: Bastante tempo, curiosidade infantil de fazer negrinho, pipoca, depois provar o bolo de chocolate do meu irmão, nos meus 10 anos fiz o brigadeiro da minha festa, rendeu pouco, mas o suficiente para o pequeno número de convidados.  Também podemos dizer desde que comecei a namorar Lucia há 10 anos. Cozinhava pra ela, quando de repente meu irmão abre a porta da cozinha e pergunte para Lucia:"É omelete?" Resolvi aprender um segundo prato.

Mdta: E a idéia dos eventos da franquia Toscozinha, como surgiu?
Toscani: Sair do blog mesmo, expandir, o cara me vê cozinhando, dando dicas, por mais toscas que sejam, deve ter a curiosidade pra provar. Gosto de receber as pessoas, dizem que é do signo de libra, acho que o legal de um restaurante é ser bem atendido e a comida ser bem boa. Minha mulher me estimulou, provavelmente o Toscozinha seja idéia dela, e só o nome seja meu. Mas enfim, pensamos que não só o dinheiro, porque tá barato, mas para juntar pessoas diferentes numa mesma mesa e conversar, trocar receitas quem sabe, e ter a resposta alí na mesa se sabe cozinhar mesmo ou é só firula.

Mdta: A instabilidade criada pelas primárias americanas pode inflacionar o preço do Toscozinha, previamente congelado em R$35,99?

Toscani: Não, de maneira alguma, o que interfere no Toscozinha, além do cardápio, é o nível do hype, o barulho na mídia. Antes de rolarem as entrevistas era 35,99 agora que já fui entrevistado até pela Sabrina Parlatore e ela provou e parece que gostou da comida, subi pra 36,00. Quando eu for pra Ana Maria Braga vou inflacionar, já tenho até o preço: 36,14. E se eu for entrevistado pelo Edu Guedes cobrarei 35,87.

Assista uma das matérias sobre o Culinária Tosca aqui
Leia reportagem no Estadão aqui 


Na cozinha do Cafofo. Crédito: Lucia Faria


Mdta: Tem algum Everest pro cozinheiro Tosco, um prato que não consegue acertar?

Toscani: Quando é assim nem me meto, só quando sou desafiado, não fujo de uma peleja. Enrolo, demoro pra fazer, mas faço. Por enquanto vou no trivial, no arroz com feijão... Aliás, minto… No arroz mando bem, mas feijão nunca tinha feito, até que uma menina encomendou um cardápio pra uma festa no Cafofo. Pediu cachorro quente - especialidade da casa- e caldinho de feijão... Nunca tinha feito, mas na internet tá cheio de blogs bons de culinária, peguei uns 3, li, fiz a minha, e foi elogiado por uma mineira, que sempre quando vai pra casa pede pra mãe dela fazer... Perguntei pra ela se o meu estava digno de mãe e ela disse que sim. Pra mim esse é o melhor elogio: "Tua comida é de mãe."

Mdta: Será que rola um Toscozinha em Porto Alegre, numa vinda pra cá? A Mercedita se vira com a organização local.
Toscani: Opa, vamo aí!! Gosto de uma peleja!!

Mdta: O cozinheiro Tosco tem pé atrás com algum movimento ou tipo de culinária? Por exemplo, junkie food, aqueles pratos “finos”, com espumas e talz.
Toscani: Defendo a bandeira do bom gosto. Comida é coisa sagrada, por mais que alguém coloque fios de ovos e rodelas de abacaxi maculando um delicioso tender. Se agrada, manda ver. Acho que vale o respeito. Até pela espuma...(mas acho sem sentido), se quer comer espuma come clara em neve com açúcar...


   Gosto muito de junkie food, sou junkie, gosto de bob's, mac, mas o melhor é o burguer king. Mas o xis santamariense bota todos no chinelo. Como churrasco grego, adoro um churrasquinho de gato. Pastel de beira de estrada. Não gosto de restaurantes que tenham muitas regras, de como comer... Fui num chique em Sampa, fui cobrir um almoço e todos fotógrafos foram convidados para almoçar. Mas tudo tinha o mesmo gosto de maçã...peixe, salada, sobremesa, além de um manula de como comer cada coisa (aqui exagero um pouco, mas o garçom dava uns toques) acho que a melhor regra é a satisfação, prazer.


Mdta: No papel de pai, rola uma preocupação maior com a comida na hora de cozinhar pra filhota?

Toscani: Sempre me preocupei com sabor, quando fazia papinhas pra Alice, não via a hora de liberar o sal, o oliva e a manteiga, principalmente a manteiga. Mas é claro que tem que ter legumes, um verdinho básico, mas a peocupação é o sabor.


   Quando cozinho, seja pra Alice, pro público do Toscozinha, ou só pra mim, gosto de usar a palavra preferida do Manoel Carlos, superação. Já perdi a conta de quantas vacas atoladas, galinhas com cerveja, galinhadas cozinhei. Mas nunca posso fazer uma pior. Só no nível ou melhor. Em qualquer ocasião sou cozinheiro. Pai, marido, cunhado, genro, amigo, filho, pouco importa para quem cozinho. O que importa é que todos comam bem, felizes e goste muito.

Saindo do papo filha, sempre vou ligar comida a prazer, comida é relacionada a sexo também. Então sou a favor de tudo feito com muito amor e com as mãos bem limpas...


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